sexta-feira, 11 de março de 2011

Eu Tenho a Fooorça!!

Imagem daqui
Amamentar...Sonhei com isso por rmuito tempo. Desde quando me senti mulher. Sonhei que um dia eu mesma seria, divinamente, alimento para minhas crias. Ah como sonhei com isso!. Mas, como é comum a quase todo sonhador, por diversas vezes achei que não seria possível realizá-lo, que não saberia fazê-lo. Ignorava que essas coisas não nos ensinam, nascemos sabendo. Mas juro que, mesmo duvidando de minha capacidade, quando sonhava sentia exatamente o que senti desde a primeira vez que aquela boquinha pequena sugou o meu seio, desde que vi aqueles olhinhos ariscos pedindo meu peito pra saciar sua fome.

Imagem daqui

Tinha 26 anos quando nasceu meu primeiro filho, Vinícius. Hoje ele tem 20, está na faculdade de Jornalismo e é muito talentoso (coisa de mãe babona mesmo escrever isso no meio desse texto). O filho desejado, esperado e amado trouxe junto com ele, ao nascer, sentimentos que nunca pensei que pudessem existir e que nunca pensei que pudesse sentir. Entretanto com 4 kg e 360 gramas o menino grande queria mamar mais que os das outras mães da maternidade. E eu, a mãe de primeira viagem, me assustei com o bico do peito rachado, com os espaçamentos curtos entre uma mamada e outra. Sofri muito, e nesse sofrimento, um tanto deprimida, permiti que outras pessoas interferissem nessa relação, única, de cumplicidade, entre mãe e filho.

Ouvi inúmeras vezes que meu leite era fraco, que eu não sabia cuidar do meu bebê, que era desajeitada. Ouvi tanto que acreditei. Como ele chorava muito acabei dividindo com uma mamadeira e com outro leite, um papel que era só meu por direito e por dever. Assim em dois meses meu pequeno acabou preferindo a mamadeira, onde sugar era muito mais fácil e menos trabalhoso, e largou o peito, é lógico. As vezes me pergunto que mãe fui eu que não consegui fazer meu filho entender que, se eu perdia com esse abandono, ele perdia muito mais, nossa relação também perdia.



Quando estava com 31 anos, fiquei grávida do segundo filho, o Vitor (hoje com 15 anos). Mais madura e segura, também fiquei um pouco deprimida depois do parto, porém consciente de tudo o que tinha que viver naquela relação. Se o Vinícius chorava muito, o Vitor chorava três vezes mais. Mesmo assim mantive a calma e oferecia o peito quantas vezes ele quisesse, o que me custou noites insones, mas resisti. Ninguém conseguiu me convencer que meu leite era fraco. Não permiti que ninguém me ensinasse como cuidar do meu filho.


imagem: os5gatos.blogspot.com
Quando ele tinha quase dois meses passamos, marido e eu, a noite em claro com o menino que chorava sem parar. Ao amanhecer fomos, a família toda (pai, mãe e irmãozinho) para o hospital pois outra noite daquela não merecíamos passar. Chegando lá a pediatra examina daqui, examina dali, conversa, pergunta algumas coisas, e finalmente me diz que estava clinicamente tudo bem e que parecia somente um pouco de cólica. Mas a grande notícia dessa consulta foi a constatação de que ele havia engordado 600 gramas em 10 dias e, acreditem, apenas com o meu leite. Como fiquei feliz!!Abracei a doutora, meu marido abriu o maior sorriso, beijei meu filhote. Vinícius, com cinco anos, não estava entendendo nada mas percebeu que saí do consultório totalmente diferente, confiante, altiva, poderosa.

Imagem: batompink.com.br


Cabeça erguida, peito pra frente, bebê nos braços, ia passando pela sala de espera como se fosse uma heroína ou a mistura de várias delas. Naquele momento preferi parafrasear um herói masculino, por não encontrar nada melhor pra dizer e balbuciei sozinha: “Eu tenho a fooorrrça!!”. Sim eu tinha a força e minha força vinha de Deus, o Criador de tudo, e daqueles dois seres pequeninos, com carinhas de anjos, que Ele me enviou para cuidar e para me capacitar com poderes sobre-humanos.

Texto elaborado a pedido do Maria Lúcia do blog Asas da Imaginação , que é médica pediatra. Ansiosa que sou publiquei antes dela. Mas posso escrever outro com novo  enfoque ao tema, caso ela queira.

16 comentários:

pensandoemfamilia disse...

Oi Gi
Bela sua experiência, principalmente por ter encontrado a sua força enquanto mãe/mulher.
Eu não tive leite suficiente para nenhuma das minhas filhas e o leite em pó substituiu. No entanto, isto não me causou menos valia.O aleitamento materno é importantíssimo, mas quando possível, e não poder realizá-lo não desmerece o modo do ser mãe.
Considero que as orientações pediátricas fundamentais, pois há realmente mães que o teor do leite não é sufuciente e se houver insistências pode causar sérias desnutrições na criança.
Muito importante o seu relato .
bjs

Dora Regina disse...

Giovanna, aconteceu comigo exatamente o mesmo, não consegui amamentar meu filho mais velho, aceitei conselhos e por falta de experiência, passei a dar mamadeira para ele, já minha filha eu não aceitei intervenção de ninguém e pra felicidade minha e dela a amamentei até uma ano e seis meses, não sei se por coincidência ou não, ela quando criança teve mais saúde do que o irmão.
Até hoje me arrependo de não ter insistido e ter me deixado levar por opiniões alheias.
Muito boa sua postagem, é um bom incentivo para as novas mamães.
Um grande abraço, bom fim de semana!

Bordados e Retalhos disse...

Meninas, Dora e Norma, obrigada pelos comentários. Realmente o fato de não amamentar nãopode desmerecer a mãe/muler. Mas não foi isso que ouvi durante os primeiros meses com meu filho mais velho. Numa família de "leiteiras" sofri muito preconceito. Isso me fez muito mal. Talvez hoje as palavras não cairiam em mim como caíram. Mas precisamos parar com essa história da verdade absoluta e quem não seguir a cartilha, não vale. A Tati do Perguntas em Resposta, escreveu sobre amamentação recentemente no blog, adorei. Dora, meu filho mais velho, que não mamou tanto sempre teve mais saúde. Vai entender!!!

Lu Souza Brito disse...

Oi Gi,

Lendo seu post lembrei daquele post-desabafo da Tati. Como mãe sofre né?
E por que as pessoas são tão palpiteiras?
Mas sabe, por outro lado eu penso que ainda que o palpite seja infeliz, a intenção quase sempre é boa. São os recursos que o outro possui naquele momento e tenta ajudar.

Minha mãe diz que eu não aceitava o peito de jeito nenhum e para nao morrer de fome, teve que dar mamadeira, rrsrs.
Lindo seu depoimento.
Beijos

Vanessa disse...

Olá, lindo texto!!!!
Vc sabe que meu filho, único, que tbm se chama Victor, nasceu qdo eu tinha apenas 17 anos e com 02 meses eu tbm parei de dar de mama para ele, mas foi pelo motivo de eu ainda estar estudando e antes de ir para a escola eu deixava a mamadeira cheia com meu leite, mesmo assim ele preferiu à mamadeira e não pegou mais o meu peito. Mas até hoje eu ainda me sinto meio culpada, desnaturada mesmo pois eu deveria ter me esforçado mais em continaur dando o meu leite para ele....
Bj

Eliane disse...

Amiga, texto lindo. Vc tem razão as vezes os palpites dão mais trabalho que ajuda. Ficou perfeito entender o sentimento de uma mãe.Beijo grande da Eliane.

Misturação - Ana Karla disse...

É mesmo maravilhoso Gi!
Nós que somos realmente mães, sabemos o quão é importante amamentar.
É uma pena que no primeiro filho, somos tão "mãe de primeira viagem", pois deixamos de fazer, ou fazemos demais, ou acatamos e acreditamos em tudo, tudinho que as pessoas falam.
É importante que todas possam ter dois filhos para completar a si mesma.
Não quero dizer, que no segundo filho a gente já esteja experta, mas sabemos muito mais.
Xeros

Glorinha L de Lion disse...

GI querida! Como me identifiquei com seu post! Sei bem o que é isso, e contei isso no meu livro de contos...Não posso falar nada, senão perde a graça! Só posso te dizer: Somos leoas mesmo e essa força ninguém nos tira! Beijos de admiração,

Gina disse...

Esse post ficaria perfeito para a Blogagem Coletiva sobre o nascimento!!!
Amamantei meus 2 durante 8 meses. É muito gostoso. Felizmente as concepções mudam, mas no passado as pessoas tinham realmente essa mania de achar que o leite é fraco e outras bobagens.
Bom final de semana!

Tati disse...

Gi, como estou feliz em ver o texto publicado!! E muito bem ilustrado!! AMEI! Esta história é linda e me emocionou demais! É muito bom lê-la novamente.
Beijos.

Leci Irene disse...

Que maravilha! Como é bom e gostoso saber que ainda existem mulheres cheias de força!!!!!!!!!!!!

Socorro Melo disse...

Oi, Giovanna!

Que belo exemplo você nos deixa, com a sua experiência. O ato de amamentar, é acima de tudo, um ato de amor.
Pena que não fui muito feliz em se tratando de amamentação. Por mais que meu filho sugasse, parece que nada saía, daí então, comecei a ficar desesperada, e a ouvir conselhos semelhantes aos que você recebeu, quando do primeiro filho, e passei a dar outro leite ao meu filho. Ficou uma lacuna sabe.
Mas, é isso aí, a mulher, a mãe, tem essa força sim, de gerar, e de cuidar com carinho, amamentando, e vendo a vida crescer em suas mãos.
Parabéns!
Socorro Melo

cáh disse...

lindo post amiga...
realmente temos esse dom divino que nos enche de alegrias e força...
bjks

Lúcia Soares disse...

Giovanna, também amamentei por pouco mais de 1 mês minhas filhas. Meu filho, consegui ir até 1 mês e meio. Não me tornei mais experiente com os nascimentos, ao contrário, era um grande sofrimento pra mim o ato de amamentar, justamente porque achava (e ouvia) que meu leite era fraco.
Isso, aliado a uma depressão leve, me impedia de dar o peito, achava que eles não se satisfaziam, só as mamadas da manhã, com o peito mais cheio, conseguia dar sem completar com mamadeira.
Não me senti culpada, nunca. Meus filhos cresceram fortes, saudáveis, igualzinho a qualquer um amamentado no peito.
Sempre é bom falar nisso, pois hoje as mulheres têm um verdadeiro bombardeio de que só o leite materno é saudável; crianças criadas com leite de vaca (ou soja, ou cabra) adoece mais; mãe que não amamenta não o faz porque assim quer; criança criada com o leite materno é mais esperta, mais inteligente, mais isso, mais aquilo.
As mulheres têm que ter consciência que amamentar é muito mais fácil, o leite está ali, sem precisar mamadeira, nem ferver, nem esterilizar, a embalagem é bonita..rsrrs
Amamentar no peito é um ato de amor? Sim.
Dar a mamadeira, bem limpinha, sentada calmamente, em silêncio, abraçando o bebê, também é um completo ato de amor!
(minhas filhas são "leiteiras" de primeira! Viu que nem sempre herdam "defeitos" da mãe? rsrsr)
Beijo!

orvalho do ceu disse...

Olá, querida
Meu primeiro filho só o pude fazê-lo 15 dias... retronei à Faculdade... tive que complementar com mamadeira... o segundo, 20 dias, tive um gravíssimo problema familiar e secou, instantaneamente... a terceira foi a privilegiada:2 anos só pra ela e só parei porque tive dengue...
Parabéns pelo texto lindo... amamentar é o melhor que podemos fazer pelos nossos pimpolhos...
Ah! Na maternidade amamentei 7 ouras ciranças quandono nascimento do segundo filho.. assim que fui ama de leite...
Até hoje a filhota nunca teve uma cárie sequer e sem nenhuma doença grave... A saúde dela é bem melhor... não creio ser coincidência...
Bjm de paz

Maria Lúcia - Asas da Imaginação disse...

Oi amiga querida! Que saudade!
Desculpe-me a demora em aparecer aqui; estou com o tempo super corrido.
Como eu já disse, este texto ficou maravilhoso; vc escreve muito bem. Parabéns.
Quanto ao que vc disse, não se preocupe; vou publicá-lo, sem nunhuma modificação. Foi amor à primeira vista, tá?
Beijos.